Entrevista | Signo XIII
Acervo da banda |
Olá, Hell e Faroeste Manolo. Bem, sempre fui fundo nesse lance de pesquisar sons ao redor do mundo, principalmente post punk, garage, hardcore, surf music... E acabei encontrando muita música boa, diferente e pouco convencional que influenciaram em muito a obra da Signo XIII, como: Q4U (ISL), LARVE (CRO), SIEKIERA (POL), DÉCIMA VICTIMA (ESP), LIMA 13 (PER), MUSTA PARAATI (FIN), RITUAL (UK), LOS ESTOMAGOS (URU), THE SOUND (UK). Do Brasil, CABINE C, ETHIOPIA, MUZAK, ARTE NO ESCURO, LUPERCAIS, VARSÓVIA, ELITE SOFISTICADA, IRA!, AS MERCENÁRIAS, OS ANIMAIS DOS ESPELHOS.
Como funciona o processo de criação da banda?
Sempre que lembro anoto as ideias, frases soltas, gravo riffs no celular, aí quando sento com o violão pra compor alguns rascunhos já estão bem adiantados. Então é só dar uma lapidada final, juntar as partes, escrever um refrão...
Estou sempre procurando me estimular criativamente com novas e boas informações, todos os dias, das mais diferentes fontes possíveis. Os programas da Kexp FM, Maximum Rock and Roll, Mutante Radio. Blogs como Hominis Canindae, Terminal Scape, El Sendero Oscuro, Share this Breath e Licor de Chorume são ótimas fontes para se descobrir novas coisas e se manter infomado do que anda acontecendo de bom na música alternativa.
A Signo XIII é um pretexto para tocar com meus amigos e essa troca de integrantes é interessante, pensando por um lado criativo, e quero que ainda mais pessoas participem. No fim do ano passado gravei algumas bases no violão e o amigo H.Sarx construiu uns beats para essas faixas, fui pro estúdio com esses samples de bateria e gravei uma track chamada “Mendacium”, e recentemente essa faixa saiu na compilação “The Temple of Souls Vol.II - Brazilian Sound Sampler” lançado pelo selo paulista DEEPLAND RECORDS no início de 2017, e você pode achar esse e outros materiais no sebo virtual Escafandro.
De onde veio a ideia de mesclar gótico com surf music? Qual a resposta do público diante dessa mistura?
Teve um som em especial que me motivou a fazer esse “crossover”, que foi o 45 Grave “Surf bat” do disco “Sleep in Safety”. Já tinha umas estruturas de sons mais nessa linha surf music/punk, e não queria ter que montar um outro projeto só pra tocar esses sons, aí lembrei desse som do 45 Grave, cujo LP achei no centro de Goiânia (em um daqueles sebos), e foi o incentivo que faltava pra mesclar esses surf´s no repertório da Signo XIII, então diluí as faixas e coloquei uma em cada EP, como o Autoramas faz. Mas tem outros exemplos por aí, como o disco solo do Rikk Agnew, “All by Myself”, que tem muita influência surf, ou Gastly Ones, que é de surf e utiliza uma atmosfera soturna nos sons. Em geral o público curte, aqui no Centro-Oeste são raras as bandas que tocam o estilo. Gosto tanto de surf music que toco em uma banda chamada Os Gatunos, na qual fazemos um estilo chamado “Surf Music Instrumental Popular de Boteco” - nos apresentamos de uniformes e máscaras e já lançamos o nosso primeiro disco: “Os Gatunos vão a praia” (2016).
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Há espaço para a cena pós‐punk/gótica no Distrito Federal? O que falta de incentivo para que as pessoas se mobilizem a conhecer ou a prestigiar a cena brasiliense?
Sim, pra boas ideias sempre tem espaço, está cheio de bares procurando propostas legais. A nível local, a cena post punk sempre teve alguém representando. Por aqui sempre surgiram boas bandas como Vitrine, Últimos Versos, Luiza Fria (em que fui baterista), Bach long Arch, Lupercais, Satélite Sonoro (que fui baixista). Atualmente há o Baratas de Chernobyl, de Ceilândia, que acabou de lançar disco, então aqui sempre teve seu público com seus altos e baixos, como qualquer outra cena.
De repente o que falta, é o que aos poucos as pessoas foram perdendo, que é a curiosidade. Curiosidade para descobrir novos sons, novos escritores, novos cineastas, valorizar o que é feito na cidade. Está cheio de moleque que sabe tudo sobre a cena de Seattle ou do Bay Area, e não consegue citar 5 bandas de sua região.
Nunca se produziu tanto pra se apreciar tão pouco. Porém, sempre tem alguns contra a maré, procurando novas ideias e é pra essa galera que vale a pena fazer as coisas, seja um show, disco, fanzine, exposição, etc.
Vocês participaram da ação F.O.D.A. Pública, também estiveram envolvidos em coletâneas e até de um filme brasiliense. Vocês, que estão engajados no ambiente cultural, acreditam que o underground ainda existe, mesmo com a democratização da internet? Com isso, vocês pretendem conquistar mais ouvintes por meio da web ou acreditam que a velocidade da tecnologia afasta o público mais raiz? O que pensam a respeito disso?
A Internet democratizou o underground, hoje é muito mais fácil conectar a obra ao seu público-alvo,. Certos nichos continuam mais segmentados como o punk, metal ou o próprio gótico/pós punk, que apesar de viverem à margem do mainstream, mantém um público fiel, ativo, que compra a camisa, o disco. Então, se o trabalho é bem-feito e se consegue enxergar o seu público em potencial com clareza, é possível desenvolver um trabalho bem sucedido de disseminação do seu trampo.
Estamos em 2017 e temos que se adaptar e usufruir dessas novas tecnologias que vieram facilitar o cotidiano das bandas, negar isso só vai reduzir o espectro de alcance do seu trabalho, o “Do It Yourself” é ressignificado todos os dias.
Mas do lado negativo é que, por exemplo, não se imprime ou se faz muito menos flyers e cartazes de shows, focando quase que 100% numa divulgação virtual. A ordem das faixas dos discos ficaram banalizadas depois das plataformas de streaming, esse lance de coagir o artista a ter que pagar pra ser visto com anúncios patrocinados.... porém, equilibrando as ações dá pra alcançar bons resultados.
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De que suas músicas tratam em comum? Alguma mensagem específica para o público?
Nossa música busca refletir a nossa época, o lugar e as circunstâncias em que vivemos. Então, o ambiente quase sempre é urbano, reflexões introspectivas, a visão acerca das coisas que nos rodeiam..
Nossa postura é totalmente antifascista, principalmente frente a esse levante ultraconservador no Brasil que vem ficando mais explicito nos últimos anos.
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Por quais meios os produtores podem contatá‐los para a agenda de shows?
Para contatos imediatos o mais aconselhável é a nossa página do Facebook, só mandar uma mensagem por lá ou via e-mail para bandasigno13@gmail.com que desenrolamos as propostas.
No momento a Signo XIII não está fazendo shows, mas lá pro final de 2017 e início de 2018 provavelmente já estaremos com uma nova formação, porém está por vir alguns singles ainda neste semestre, aguardem!
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Algo a acrescentar que não tenha no release? Espaço democrático para inserirem tudo que desejarem.
Bem só queria falar que também tenho um zine com a Luciana Ribeiro que trata de artes plásticas e música e contribuo fazendo algumas artes, entrevistas e uma coluna gastronômica hehe e o fanzine caminha para o número 9, rola de ver as edições no https://issuu.com/lucianaribeiro90/docs.
E comecei um projeto eletrônico chamado MONOMOTOR ESTÉREO em que faço os sons através de aplicativos de celular e tem rendido uns resultados bem legais, rola de conferir aqui https://soundcloud.com/monomotorestereo.
Acabo aproveitando muitas sobras da Signo XIII nesse projeto. E pra quem quiser CDs, adesivos, pôsteres e outros produtos da Signo XIII (ou dos meus outros projetos), acesse o sebo virtual Escafandro: www.escafandro.minestore.com.
Valeu, Ellen e blog Faroeste Manolo!
Vida longa!
Bacana pra caramba, né, manolos? Seguem abaixo todos os links da Signo XIII:
www.signo13.bandcamp.com
www.sundcloud.com/signo13
www.facebook.com/signoxiii
Downloads:
El verdugo y la vendetta - 2012
Espectros de ferro - 2013